domingo, agosto 01, 2004

Tempestado

Deixa-me trovoar-me, relampejar-me, torrenciar-me.
chover-te assim tempestada, desconstruida, molhada.

Deixa-me ventir, sentar, sonher, vivar.
uivar.

E do meio da minha intempérie olhar-te bem fundo nos olhos
e chuviscar-te a alma.

Sinais

Chuviscas-me os sentidos
com pequeninas goticulas de amor
disfarçadas de simpatia

que não fazem menos mossa por isso...

Indeciso, avanço para a retracção habitual
e espero, até ter a certeza.
não sei se aguento outro sinal...

sábado, julho 24, 2004

Chorar Paredes

Deprimidorido, cansadormente.
indescanso atormentadormindo de olhos bem abertos.

Sonho.

Mas não muito, pois para depressão, basta a realidade.
Ou por outras palavras: a dura verdade.

Mentiram-nos. O mundo não é cor-de-rosa.

É cinzento.
Escuro.
Repetitivo.
Violento.
Inseguro.
e sedento.

É preciso Reagir, agir, ir.
Chorar Carlos Paredes e partir,
Nem que seja para voar,
e tornar a cair.

Repetir,
Repetir. Num perpétuo movimento de sempre insistir.
Sentir.
Viver.
Ser.
Sem nunca desistir...

Voz

Sem saber de onde partiu,
nem como chegar,
uma voz chama por mim,
através do teu olhar.

e sem o minimo de compaixão
trucidando tudo pelo caminho,
penetra fundo no meu coração,
e encontra lá um cantinho.

e permaneçe.
corroendo tudo à sua volta.

Terrível voz.
Muda.
num gasto coração
Surdo...

sexta-feira, junho 25, 2004

eteceteramente

Um espaço novo
um novo começo
a cada olhar renovo
a vontade de começar

na esperança eterna de resumir a vida
apenas a um acontecimento
fugaz sentida perdida,
num eterno movimento.

perpetuamente mortal
invariavelmente fatal.
estranhamente assumida,
como banal.

etecetera e tal.

quinta-feira, junho 10, 2004

Do fundo do meu poço

Do fundo do poço gritava,
do fundo do peito que ardia
o poeta, que quanto mais estrebuchava,
menos mundo o ouvia

Como um pastor de ideias,
reunia o seu mundo por temas,
rebanhava versos.
Apanhava as ideias mais pequenas,
os sonetos mais travessos...
Para fazer de cada poema,
incontáveis universos...

quarta-feira, junho 09, 2004

Luzinhar

silêncio.
apagaram-me. desligaram-me. fecharam-me.
como uma luz intermitente na cozinha,
fui desligado,
para não intermitir
para não interferir,
no ficares sozinha.

Entrei na tua vida intermitentemente,
mas saí definitivamente.

Sei lá... Sabes lá... Sabe lá... Sabemos lá... Sabeis lá... Sabem cá...

infelizmente.
independentemente.
inevitavelmente.
incoerentemente.

indisciplinado.

mas sempre in.
interessantemente
des interessado.

in teressado.

in ter essado.

in ter essa do.

Resumindo:

Em ter essa dor...

Pequenino

Pequeno. Pequenino. Só. Sózinho.
Minúsculo...

Enormemente miniaturizado
neutralizado.

Enorminilizado.

Sinto-me como um grão de pó no cantinho de um grande salão com lareira.

segunda-feira, maio 03, 2004

Arreganha, ladra e morde...

Arreganho o dente, ladro, mordo, esfolo, trinco, uivo, rasgo, finco.
mas não te aceito.

O destino é meu. Sou seu dono e senhor,
Não o aceito de mão beijada.

Antes a minha triste vida de horror,
Que a tua vida predestinada...

Apaga-me a luz...

não acordo,
nem durmo,
amanheço sem encontrar o carro,
esquecido noutra noite,
abandonado.

deambulo pelos passeios sem rumo,
procurando uma casa,
um aconchego,
só encontro um trabalhador,
amargurado.

Manhã cedo enquanto me procuro,
encontro a vida dos outros,
atribulada.

Na minha longa noite tento esquecer,
a simplicidade da vida,
inexplicada.

Já disse que quero essa luz apagada!!!

Remember Jack Daniel's

Esqueci-me de ti dentro de uma garrafa de Jack Daniel's,
eternamente.

Ficaste como o génio da garrafa, aprisionada.
Ficaste como estavas na altura, apaixonada.

Pena não ser por mim.

Ontem voltei a lembrar-me.
Bebi-te com o passado,
num só trago...

terça-feira, abril 27, 2004

Mesmoreço

Mereço.

Arrastar-me no deserto das minhas ideias,
numa secura interminavel
plantando na frustação, oásis de ideias brilhantes,
sem sequer terem água potável

Autodestruir-me mil vezes,
e outras tantas novamente,
sem verdadeiramente me destruir,
na eterna ilusão de conseguir...

uniformizar-me, igualar-me, semelhar-me,
conformar-me conforme a restante carneirada,
que de olhos fechados ou bem abertos,
caminha a passos largos para o mesmo... Feliz.

sempre o mesmo.
igual.

Mereço.

Respiragem

Arejar, respirar fundo, respirar, verdadeiramente respirar,
encher o peito de ar, inspirar e expirar,
ar puro, descomplexado, descomprimido, desanuviado,
ar. Não fumo.

deixei de fumar.
aprecio melhor o ambiente...
foi á uns meses,
foi de repente.

como quem acaba um amor,
virei-lhe as costas, e fugi
mas não penso noutra coisa.

penso muito em ti...

segunda-feira, abril 26, 2004

Azulagem

Mudei. escolhi. divergi. azulei.
Como o mar um dia azulou,
também eu, mais tarde ou mais cedo, teria de azular...

fiz do sangue vermelho,
um mar de azul esbatido,

Azulei-me...
não doeu nada.

segunda-feira, abril 12, 2004

PrestidiAgitador

Escondo-me, encolho-me, mirro, acanho-me, vergonho-me, envergonho-me
tento desaparecer em vão...

mas não consigo,
então, numa última e derradeira tentativa
Prestidigito-me...

Puf!

Escangalhado

Avariei.
deixei de variar.
invariavelmente irreparavel, disseram...

Avariado já eu era,
respondi-lhes.

Então escangalhou de vez...

já sabia!

Rese(n)t(ido) v. 1.00

Genocídio individual,
de tudo o que fui,
suicídio colectivo
das minhas ideias,

vontade de fechar tudo,
os olhos, a mente, o ser,
desligar tudo da tomada,
e desaparecer...

Acabo.
Termino.
Fecho.
Desligo.

Carrego no reset
e faço um reboot na minha vida...

sexta-feira, abril 02, 2004

Atrasadormeci

oprimidado a essas coisas,
libertinamentindo escusei-me a participar,
era muito revolucionacionalista.
fascisnado, acordei morto,
e ainda bem.

Resuscitei platão e kant
e voltei-me para o lado...

acordei sobressaltando os cobertores
e abrindo de par em par as janelas da minh'alma...

já são 10 da manhã???

graças adeus

Turbilhão tremendo...
agitação
agarro-me com unhas e dentes,
para não me deixar levar

na calma enervante deste sentir, deste falar,
calma estonteante que me faz revoar,
cair, erguer, cair, levantar
numa dança perdida, num eterno oscilar...

levanto-me, largo-me, deixo-me, levam-me,
arrastado na agitada calma pelo ar,
agitado na arrastada calma de voar,
perdendo-me mais longe de mim a cada minuto,
olho então para baixo e vejo...

tudo.

fecho os olhos e dou graças a mim...
adeus.

A alma no olhar

Uivo para não chorar,
urro, grito, arranho, berro, preso por um olhar,
nesse olhar tão directo,
dificil de enfrentar.

e quando fecho os olhos,
os teus lá continuam,
despindo-me a alma aos bocadinhos
devagar.

levas-me à vergonha,
onde não gosto de estar,
chego a desviar os olhos,
mas continuo a olhar...

raciosentimental

Sentimentalismado penso:
de que nos vale pensar,
se quando sentimos, só sai inveja ou ganância,
seremos apenas capazes de odiar?

será o mundo pensante,
incapaz de se emocionar.
no meio de tanto ódio lancinante,
o que aconteceu ao singelo gostar,
já para não falar do malfadado amar...?

Caminhamos para o abismo,
o sentimentabismo...
a passo de raciocinio
raciocinamente...

segunda-feira, março 29, 2004

Calma mente

Serenado, quieto, embevecido, poeto!
poeto como antigo poeta poetava,
ou poesia, ou fazia que poesiava

escrevinho de olhos fechados
na mente, mente iras...
ou poem tiras...

sou um poentiroso.
mas sincero.

Procupado

Desencontro-me de mim, chorando
enquanto, oculto, me procuro noutro lugar
e ao não me encontrar,
paro. não me mexo... na esperança vã de voltar a passar por ali.

Como fazem as crianças.

Talvez te encontre enquanto me procuro...
talvez me ajudes a procurar.

se me encontrares primeiro
então fica comigo,
não sei se valho a pena achar...

quarta-feira, março 17, 2004

imágoa

Nunca sei se sou mesmo,
ou se apenas imagino que sou.

Tanto faz.
o efeito é o mesmo...

ser imaginado ou imaginar ser,
continuo a não ter nada a perder

a não ser a imaginação.

Abstensão

absorvo, observo, abstenho-me, absolutamente absorto,
na obvia obtenção de abnegadas habilidades

absolutamente
absolvido
de qualquer culpa.

nem sei mesmo se sei de onde me vêm as palavras,
duvido.

apenas surgem!

Ceder

Acordei com o som dos pingos de orvalho
com a manhã a despertar
com a correria dos outros para o trabalho
mas com pouca vontade de acordar

abro os olhos, bebo a luz, sinto a manhã
desespero com a energia que me traz
quero ficar quieto,
não me mexer,
mas a manhã empurra-me...
obriga-me,
leva-me,
levanta-me,
com barulhos,
com claridades,
com o dia,
e o tempo todo pela frente...

Voltei a acordar cedo...
nem parece meu.

segunda-feira, março 15, 2004

Manheceu

Com o dia que amanhece
na luz do sol que nasce e sobe
vislumbro uma luz que em mim escurece
e uma raiva que me consome

Sol maldito, que tudo aqueces,
não brilhes para mim, agora,
por favor, vê se me esqueces
apaga-te... Some-te... Vai-te embora!

domingo, março 14, 2004

Regresso

O que quererá dizer regresso?
Reapareço percebo,
Reago também.
Mas re gresso? não lembra a ninguém...

Baralhei as ideias,
hoje volto a dar...

Só espero que me saia um jogo de jeito...
Estou farto de jogar ao mesmo.

Misantropofago

Sozinho.
Só no caminho.
Contra tudo.
Contra todos.

Odeio-vos.
Odeio-me.
Abomino-me.

Auto desfaço-me,
desiludido
e Viro as costas ao mundo,

Só para descobrir, mais tarde:
que sem ele não sou...
não estou,
nada há.

E a cada contacto novo,
mais do ódio antigo se destila no meu sangue.

DESTRUIÇÂO.
DESTRUIÇÂO.
MEDO.
VERGONHA.
MUNDO.
IMUNDO.
ÓDIO.

Não quero esta Humanidade. Quero outra.

sábado, fevereiro 28, 2004

Voltaraste-me

Violentaste-me com o teu olhar,
E nem acenaste um adeus à saida

Vingaste-te

Quando te olhei pela última vez,
apaixonei-me pela tua ausência...

Esperei, para sempre, um beijo,
que nunca chegou

E num vislumbre desse teu afastar,
vi o futuro que ele roubou.

O teu olhar partiu, e não voltou.

Sei

Sei.
Agora já sei...

Finalmente.

Sei que não sinto, como tu sentes,
que não minto, como tu mentes.

Diz a verdade... Tu também sabes.

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Re.posicionamento

Re.volto-me, re.clamo-me, re.penso-me, re.ago.
e fico na mesma.

Volto a clamar e penso que ago.
não.

Então grito e só sai:

Re. Re. Re.

Re.pito-me.

Ai...

Truir, destruir, e recomeçar.

Reconheço-te diferente,
desta vez quero mesmo re-conhecer-te...
Começar do principio,
sem juizos de valor...

Gostar muitos das conversas,
partilhar pensamentos,
andar de candeias as avessas,
e causar-te sofrimentos...

Começar tudo de novo,
e voltar a destruir-te aos bocadinhos...

Anda...

Anda lá...

só mais uma vez...

Amarilhando pelas paredes...

Cauteloso, experimento...
devagarinho tento, provo, cheiro, toco, e olho...
Desconheço o sabor.
O cheiro.

Sinto.
é novo.

Nunca tinha experimentado.
Parece-me tudo tão diferente...

É assim mesmo?
Isto é que é o Amor...?

Perda de tempo.

Parado xo...

Soubeste o que me aconteceu?
Não?

Nem eu...
Esqueci-me de perceber,
deixei-me levar, arrebatado pelo momento,
Não sei se deixei de ser,
ou se fiquei parado no tempo???

Escondido

Como é dificil por vezes sentir...
Escrever,
Fazer alguma coisa sair,
Descrever...

Descrever sentimentos,
Emoções,
Acontecimentos,
Sensações...

Tão dificil como aquela lágrima que espreita a luz do dia mas teima em não sair,
em não ser chorada.
Suspensa, num olhar já humido,
recusa enfrentar a realidade e esconde-se,
onde ninguém a veja.

Tal como eu.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Treschora-se

Envergonhado.
escondo o meu olhar.

não sei se por receio,
se por não conseguir chorar...

tenho a noção que se começo,
nunca mais posso parar...

Nudezerto

Já não sou nada
aniquilei-me.

Auto-cadáver.
Suicidado.

Resta apenas um pensamento,
deliberado,
atordoado,
cansado,
e pobre.

Pobre de esperança,
e distante da vida...

Perdido no corpo,
por trás dos olhos vazios.

nu.

25 desabril

Das portas que "abril abriu"
sairam sonhos sairam esperanças,
saiu a vontade que se perdeu,
e um futuro para aquelas crianças

Mas morreu, desfaleceu, arrependido,
esquecido nas lembranças,
expirou, falhou, caiu,
e cresceram aquelas crianças.

Mas cresceram noutro sentido,
no sentido da indiferença,
já lutar não faz sentido,
nem a mais pequena diferença.

E desse sonho caído,
resta apenas a lembrança,
que um dia sonhei ter tido,
talvez por já ter sido, um dia, criança.

sábado, fevereiro 14, 2004

Morrindo

Morro assim, desimaginado,
fugindo de mim, desemocionado,
escondento o medo, apavorado,
de quem não sabe se sim, duvidado,
nem sabe se não, enganado.

Morro,
perdido,
de morte matado.
de vida morrido.

de sorriso apagado
e de olhar esquecido...

Oscimagilar

Olho, vejo, sinto, invejo, e minto
quando afirmo alto e bom som:
que já nada sinto,
e que assim é que é bom...

Viro as costas ao presente,
fecho os olhos pró passado,
tento não pensar no futuro,
E viver apenas imaginado...

Sem tempo, espaço ou noção,
sem dor, perda, ou emoção...

Sentado num banquinho,
enfiado num vão de escada,
ou escondido num cantinho,
da imaginação já velha e abandonada...

Sem medo de nada.

Ventre devagarinho

Carinhento, deslizo pelo teu ventre,
Quente e aquecido,
Carente
Embevecido
Dormente...

e já adormecido,
perdido nesses olhos tão teus,
ainda solto um suspiro,
desses suspiros tão meus...

Adeus.

Venciderrotado

Ganhei.
A vitória é viciante,
apaga a memória,
é excitante,
sabe a gloria.

Mas sempre que ganho,
sinto que perco alguma coisa,
pois, por maior que seja a vitória,
deixa sempre alguém derrotado.
Vencido.
Amargurado.

Prefiro perder,
pois a vitória reside, para mim,
no prazer de ver alguém vencer...

Podes crer!

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Emociferença

por cada bocadinho de coração a menos,
ganho um bocadinho de indiferença a mais.

Um dia rebento de tanta indiferença,
e morro emocionado.

Não.

Escolho o não.
Porque sim...

O não fica melhor,
tem acento.
faz ondinha.

Acrescenta mais vontade à que já tinha.
Antes um longo não que um breve sim.
Assim.
pelo menos para mim...

pelo menos há acção em negacção...
ou não?...

P.

Porquê?
Nem sei como perguntar porquê?
Não sei fazer a pergunta...

Não é por medo da resposta,
isso sei.
Não é por medo da pergunta,
também sei.

Não é receio da razão,
nem pavor da sua ausência...
é simplesmente uma questão,
de pura impaciência.

Preferia-te aqui agora.
Mais que recordação... Preferia-te antes aqui por um tempo,
que na eternidade do coração.

Só para te dar um abraço.
Daqueles.

Repoemado

Reanimado, reapareço.
Revoltado, apagado, moído, trocado, perdido, amado e esquecido.
Relembrado, reamado, reestimado, reacarinhado, reesquecido.
Regresso.
Somente para te reatormentar...

Reviravoltas

Voltar.
Como te associamos a coisas boas.
Voltar é diferente de "...outra vez!?"
De "...já?!"

Voltar é querer que fiques.
Voltar é esperança,
Diferença,
não in diferença

Voltar é fazer por chegar
querer muito estar,
voltar é sentir mais perto,
saber que no fundo está certo.
e ficar!!!

Quero voltar.
Posso?

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Mudarrependido

Sacudo-me. Arranco-me de dentro de mim mesmo e viro-me do avesso, numa tentativa frustrada de mudar.
Afasto-me de mim a medo, receio querer-me agarrar, não me querer largar.
Não me liberto, e suspenso no ar respiro uma última vez.
Insensato faço um último esforço.
E consigo...
Saiu.

Escuro.
Vazio.
Silêncio.
Frio.
Solidão.

Mudei.
E agora?

Perdi

Se souberes onde estou, encontra-me, por favor!
Perdi-me de mim.

Andava à minha procura... e não te encontrei.
Perdi-te de mim.

Partidades

A saudade sabe a lágrima,
Sabe a sal.
Tem sabor de aperto no coração,
Sabe mal...

Magoa, faz esquecer.
Arranca de nós um pedaço,
Para depois o perder...

É como unhas afiadas,
que te arranham as costas,
enquanto estás com elas voltadas...

Quando perdidas são fatais,
enquanto guardadas: crescem;
quando menos esperas vais,
E no teu vazio elas florescem...

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Às vezes penso;
às vezes não.

Mas quando penso, acho que um dia vou fugir,
deixar tudo para trás,
Deixar-me ir,
Ser capaz.

Fugir de mim, para me encontrar lá mais adiante.
Fugir de mim, para te encontrar
Fugir de mim, só.
Fugir.

Antes só, que sozinho.
Mais vale acompanhado, que mal acompanhado.
O pior é só, desacompanhado...
Ou mal sozinho.

Ondamento



Vais e vens,
Vens e vais

Nunca desistes, nunca te rendes
Nunca paras de continuar

Vais e vens,
vens e vais

Nesse azul profundo,
iluminado de cinzento.
Ventre fecundo,
Donde nasce o vento...

Vais e vens,
vens e vais

Onde roubaste essa vontade,
Esse rasgar da inutilidade.
Onde encontraste esse vagar
que pões nas ondas da saudade?

Vens e vais
vais e vens

Fica desta vez...
Só desta vez...

Fica.

Fica.

Esquece.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Nãomelembro

Fui.
Voltei.
Enquanto caminhava lembrei-me de algo,
que me esqueci quando cheguei.
nunca mais me lembrei.

Quem és tu? não me lembro... acho que não sei.
Desconheci-te.

Reapaixonhento

Engano-me, deslindo, aceito e resigno.
Fico na mesma, mas desenganado.
Descubro por fim,
que não sou gente,
nem sou gado,
ando apenas por aqui,
apaixonado.

Repensei-te e cheguei à conclusão que afinal vales a pena...
Vida.

Destruicídio

Qual carga perecível,
me escangalhei todinho,
na podridão deste caixote,
na escuridão deste contentor,
não sobrou nem um bocadinho,
nem esboçaste a mais pequena dor.

Enfim. Lixo.
Suicidaste-me.

Raio'sparta!

Se alguma força maior que a minha vontade existe no universo,
que se apresente.
Para eu lhe espetar o dedo no olho.
Respirar o presente,
e dizer alto e bom som:
Ninguém manda na minha vida mais que eu! porque sim, porque eu quero, posso e mando!
Pronto.
isso é que era bom.
qual destino, qual carapuça...
do jeito que já ando,
não sei se sou eu que vou,
ou se é a vida que vai passando....

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Relembração

Inconsideração, inpensado,
Desconsiderado, atordoamental.

Chegados aqui, descendemos as mãos...
Afinal nem tudo são contradimentos.
Há também sentimenções honrosas
E tenebrosas frustrações!

Cá para mim, tenho como certo, que no fundo no fundo... Cada dia desexistimos mais!!!

Automundo

Se se pudesse cair do mundo,
eu já tinha caído.
Se se pudesse sair de mansinho,
eu já tinha saído...

Escorregava pelos fundos,
despercebido.
Escapava-me por um buraco,
esquecido...

Mas não me deixam ir embora.
Não me deixam desaparecer,
não me deixam deitar fora
este velho tem-de-ser...

Quero sair.
Onde é a próxima paragem???

A vida


Segredei-lhe ao ouvido... Viste?
é o que acontece quando não me ligas...
Sentiste?
ahhhhh, Amizade a quanto obrigas...

Ascadente...

Mortificadente estrela do mar,
ouviste do mais fundo,
sentiste do mais alto
mas foste sempre do mar

Percorreste o mundo,
na esperança vã de encontrar,
Nesse estranho e longinquo fundo
outra estrela pra falar.

Mas de nada te serviu,
Pequenina estrela do mar
Mais para longe te levou,
Até não mais te arrastar...

E então,
Como as estrelas do ar,
Ganhaste asas e subiste,
pelo céu sempre a brilhar...
até o cansaço te apagar.

Ala que se faz tarde.

Saí. não estou.
Já não moro aqui.
Vou.

Volto já,
Mas não depressa,
Tou cá,
Mas isso agora não interessa.

E para festejar o reboliço,
festa de arromba,
Dia santo na casa...
É como ameaça de bomba!!!

Esquecimentiste

Desesperadamentira.
Chamo-te ao telefone... ... ... ... ... ... ...
trimm trimm trimm
Não atendes.
Sei que me vais mentir quando atenderes,
que te vais sentir quando me perderes,
que te vais embora quando quiseres,
que vais sair porque queres,
que te esqueçes de mim quando vieres.

Sei tudo isso e mais uma coisa,
quando chegares estarei à tua espera...
Para saber porque não atendeste a merda do telefone!

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Indeciso-me.

Escolho, mas duvido.
Escolho porque tenho de escolher.
Duvido porque posso.
Não escolho duvidar, mas duvido da minha escolha.

Indeciso-me.

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Conciso


Concreto. Discreto. Resumido. Directo.

Reanalizamente

Sou mau.
Enfim,
Pessimo,
Pessimista,
Possesivo,
Analista,
Previsivo,
Moralista,
Agressivo,
Pluralista,
Atrevido,
realista.

Mas nunca optimista...

Desenterradorado

Desválido, desmaturo, inlumbrante e desmoral.
Sou tudo isso por igual
frágil, vulnerável, só e esquecido.
sou também, mas não por mal.

Faço, aconteço, destruo, arranco, bato, parto, esmurro.
por meninecessidade...
Descontinuo o meu caminho.
e perco-me da verdade...

Poemortal

Repentinamente um fluxo de sangue sobe-me à cabeça
percorre todos os centros nevrálgicos do meu pensamento
Escorre de emoções, na tentativa frustrada de me parar,
deixo-o esvaiar-se lentamente, no calor das acções
Amotinar-se.

Emito sons ao desbarato.
Grunho.
Grito.
Gemo.
Aflito. Perco as estribeiras e desfaleço...

Dirão: Aqui jaz o poeta, que nem um verso conseguiu.
tudo por culpa deste verso que me fugiu...

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Loucomicida

Carrego, puxo, pego, frouxo, nego, esfrego, luxo, prego, e estrebucho.
Arranco-te de mim à dentada, deitada.
Trespasso-te quieta, firme, acabada. suspiras uma última vez, esquecida.
E perdes-te na memória doutros tempos remanescida.

Assuexpirei-me!

Amarento

Azul reapareço do nada,
Relatividade natural dos corpos
Sinto-o fulgurante dentro de mim
E renascente dos fogos...

Enquanto caminho para o abismo,
vislumbro ao longe a loucura,
de amor não vivo,
E estou farto da procura...

Se a vida te pregar uma rasteira...


O que fazer...?

O poema

Relaxa e inspira fundo...
Fecha os olhos...

...
...
...

...
...

...

Já podes abrir.

Não sentiste o mais belo poema percorrer-te ?

Não sei...

Engenho e sorte fazem um homem,
E que fará um poeta...?
Sofrimento e morte...?
Perda irremediável...?
Ou apenas o mesmo em doses cavalares ao pequeno almoço???

Saber, saber, não sei. Mas Imagino...

Esqueçofrimento

Ja desamado não sou,
Pois nem deixo que me amem,
Fechei à chave o coração.
E esqueci onde a deixei...

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Desatrapalhar

Inclinado sobre as estrelas decido castigar os homens,
Atrapalhar a tristeza e esmiuçar o coração
Rasgar a sensatez e estraçalhar a razão
Desatrapalhar o trabalho do diabo, e dar aos homens emoção...

Incoragem...

Olho o tecto,
olho o branco e fico imóvel na firmeza dessa cor,

Sinto o mundo girando sobre o seu eixo,
E o sol propagar o seu calor.

Imenso, o azul do mar ecoa lá no fundo,
e tráz a lembrança de outros tempos

Tempos de rancor, sofrimento profundo,
Tempo de aventuras e contratempos

Adiante, oceano fecundo,
esperando portugueses argonautas do vazio...

Para onde foi essa coragem...?

Fugiu???

O poetotário...

Não há poeta nenhum,
verdadeiramente sofrido,
verdadeiramente escolachado,
verdadeiramente findo, acabado.

Não há poeta nenhum,
Verdadeiramente abismado,
Verdadeiramente amante,
Verdadeiramente uno, terminado.

Não há poeta nenhum,
Verdadeiramente confuso,
Verdadeiramente dorido,
Verdadeiramente profundo, abandonado.

O poeta é um ótario.
Verdadeiramente fingido,
Verdadeiramente falso,
Verdadeiramente longe, afastado...

Passarinhei-me...

Sem querer ganhei asas,
Levantei vôo e voei,
pelo azul do céu nuvemzado,
Dancei com a chuva, baptizado...

E quando aterrei, adormeci
acordei nu, com fundo azul
Enormes asas decoravam as minhas costas de brancura,
Passarinhei-me, e ascendi ao divino.

Bancagem

Barreira de burocracia
Blindagem das acções,
Bancos em agonia,
Banqueiros em aflições...

Na barragem de fogo do burocrata,
Ficam as esperanças e os desgostos.
Nada passa sem portagem,
Nada assume um rosto.

Horrintelectual

Vejo-te na precisão das máquinas
Na brandura do arrolhar dos pássaros
na frescura de uma manhã orvalhada
no sorriso sincero de uma criança

Vejo-te na rua, sozinha, triste
Na pobreza, caída, exangue
na pele sinto o que sentiste,
e o frio nos ossos, no sangue...

És a mesma daquele dia,
as duas vivem só numa ,
pobre no fisico, esguia...
mas bela de espirito, una.

Satânalopes

Terneio Satanás... Vade Retro!!!
Credo!
Possuida, revisito-me estrandeitada, aplaudo as trevas e mainada!

O Orgulho é Errano...


Se errar é humano,
e orgulho também,
então o que será errulho?

terça-feira, janeiro 27, 2004

. . .

Senti-te.
Rasgo, esfarelo, estrebucho, escancho, resflego, arranho, chuto, trinco, mordo, dano, insulto, cuspo, escarro, cabeceio, devaneio, desfaleço,
Mas não desisto.

Lagrimar

Tudo água, tudo lágrima, tudo submerso
Sentes a distância da longura, e do amor o inverso...

O mar em [Mar]ia, é feito de lágrimas salgadas,
Enquanto espera quem as seque, correm desalmadas...

Sentimentir

O poeta grita,
Estrebucha,
se agita,
repuxa.

O poeta cai,
engole,
recomeça,
e vai...

O poeta não sente,
desalmar-se,
desfazer-se,
desnascer-se.

Não sente, não vê, não ouve, não cheira, não toca.
Só Sentimenta.

Se for para mim não estou...

Desço as escadas e saiu.
Cá de fora, grito, em plenos pulmões:
Se for para mim não estou...
E fugo a sete pés.

Ligaram, dirão.
Queriam falar-lhe.
Mas eu alheio-me de tudo, de todos, e saiu, corro, fugo, fingo, minto, folgo, finto, mas volto...
E mesmo de regresso, se me ligares, direi:
Se for para mim não estou... nem virei.

Enquanto dormias

Enquanto dormias tecia-te os sonhos...
qual artesão introspectante
Criando teus mundos, incessante
E vivendo neles, nos mais fundos...

Enquanto dormias olhava,
mas não olhava cá fora,
olhava lá dentro, pelas janelas dos teus olhos,
vi a tua alma ardente, queimando,
o meu futuro indiferente esperando...

Omniausência

Em vez de estares, faltas...
Em lugar de presença, ausência...
Em virtude não sei bem de quê.

Sabes que não estar doi,
Custa, Arde...
Fazes de propósito...
Sinto em tudo a tua ausência.
A tua ausência está omnipresente...

Nascistreia

Assim em vez de nascer me estreio,
num mundo já tão cheio...