segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Ouch!

Encolhi.
escolhi encolher.
respirei para dentro e minimizei-me.
tanto quanto aos danos.

minimizado e encolhido,
abri as janelas
e levantei âncoras.

Quando abri as asas para voar
lembrei-me.

Estava no quarto andar, e as asas tinham ficado no bolso doutro casaco.
acabei por me magoar.
pena não ter sido da queda...

Vazio

falo de um lugar estranhamente perto.
dentro da minha cabeça. por detrás dos meus olhos.
vislumbro para dentro um monstro que olha o mundo com olhos de dor.
que sente a liberdade lá fora. preso.

Por detrás dos meus olhos vive o meu monstro.
ele não gosta de ninguém. de nada.
e é com os olhos dele que vejo o mundo certas manhãs.
não sente o cheiro das flores, não vê a lua cheia brilhar.
não sabe o sabor das cores nem o cheiro de um beijo, nem quer saber.

Vive fechado numa sala gigante, com uma lareira vazia num canto e um sofá de casa de verão no outro.
Conhece o vazio como a palma das minhas mãos. O meu monstro é amarelo.
acho que é do medo.

Medo.
Medo de quê?
de tudo.

Em contraste.

O que é perder,
senão, ter alguma coisa?
como perder o que nunca nos pertenceu?
como amar perdidamente?

se me perco de mim para me encontrar de outra maneira mais à frente no caminho,
porque não encontrar-te também, sem nunca te ter tido, perdida.
fui eu quem te perdeu, ou tu que te encontraste.

seja como for, não tornaste.
ficaste.
perdida? encontrada.
e quando te encontraste entornaste-te para mim e disseste: Encontra-te.
Pode ser que me voltes a encontrar.
e se me encontrares.
lembra-te que me perdeste quando fui tua.
e que só te procuraste quando me encontrei.

ainda tenho na retina a tua imagem, nua.

Killando

Mataste a saudade
e bebeste-lhe a essência,
como mataste a verdade.
pelo peso da sua ausência

Ficaram a ecoar lá ao fundo
os barulhos de outra vivência
nessa distância, ainda distingo
o som das lombas na estrada e
a luz da lua reflectida nos teus olhos como se um oceano de lágrimas se reflectisse de volta na lua.

A ausência que sinto é a tua.